O que é?
Trata-se de um processo biológico aeróbio (ocorre na presença de oxigénio) e termofílico (com aumento de temperatura) de reciclagem de biorresíduos, o que inclui os resíduos da cozinha, da horta e do jardim, os quais representam quase 40% do total de resíduos produzidos em Portugal. O processo ocorre por ação de microrganismos que transformam os biorresíduos num produto final, designado por composto, tratando-se de uma substância de alta qualidade rica em minerais e matéria orgânica.
Muitas vantagens
Não requer grandes conhecimentos técnicos e é fácil de colocar em prática.
Os biorresíduos são tratados no local ou muito próximo do local onde são produzidos evitando-se a sua colocação em aterro ou incineração.
Os biorresíduos não necessitam de ser recolhidos e transportados o que dispensa totalmente a existência de um sistema de recolha e os respetivos custos associados.
A compostagem doméstica e comunitária possui custos de tratamento e gestão mais reduzidos face aos sistemas de gestão de resíduos convencionais
Ao evitar o transporte e a colocação em aterro ou a incineração dos biorresíduos estamos também a reduzir as emissões de CO2.
A compostagem dos biorresíduos tem como resultado a produção de um fertilizante natural – o composto – que pode ser utilizado para melhorar as características de um solo contribuindo para reduzir a utilização de fertilizantes químicos
A separação dos biorresíduos é um incentivo para melhorar a separação de outros materiais para reciclagem
Como funciona?
Fase 1
Os resíduos são colocados no compostor e as bactérias dão inicio ao processo de decomposição.
Ocorre um aumento gradual da temperatura e há libertação de vapor de água
Fase 2
- A temperatura atinge os 45⁰ e o processo passa a ser dominado por bactérias e fungos resistentes a temperaturas mais elevadas
- São eliminados microrganismos patogénicos que estejam presentes nos resíduos.
Fase 3
- Ocorre uma diminuição da temperatura
- Entram em ação micorganismos e pequenos invertebrados, como as minhocas, capazes de degradar as substâncias mais resistentes ao processo de decomposição.
Fatores importantes
Embora a natureza faça quase todo o trabalho de transformação dos resíduos, para que o processo de compostagem decorra em boas condições e para que seja mais rápido, é necessário assegurar que os microrganismos estão na presença das condições ideais para se multiplicarem e decomporem a matéria orgânica presente. Entre os vários fatores possíveis, mencionamos abaixo aqueles têm maior influência na eficiência do processo de compostagem.
Razão carbono/azoto
- Os biorresíduos contêm na sua composição uma mistura de carbono (C) e azoto (N).
- A proporção de carbono e azoto nos diferentes tipos de materiais compostáveis permite classificá-los em verdes e castanhos. Os verdes são geralmente húmidos e ricos em azoto e os castanhos são mais secos e ricos em carbono (C).
- A relação entre o carbono e o azoto é a chave principal que influencia todo o processo e a qualidade do composto final.
Arejamento (Oxigénio)
- A compostagem é um processo biológico que necessita de oxigénio, sendo por isso necessário fornecer aos microrganismos o oxigénio que precisam para os seus processos metabólicos e respiratórios.
- Para tornar o processo mais rápido é necessário haver um arejamento frequente que garanta a circulação do oxigénio por toda a pilha e evite o surgimento de maus odores. No entanto, se o arejamento for muito intenso, vai ocorrer perda de calor e uma redução rápida do teor de humidade.
- Revirar a pilha e remexer os materiais é uma das formas de arejar e fornecer o oxigénio necessário para o processo. Este procedimento ajuda a eliminar os maus cheiros e acelera a decomposição dos materiais.
Humidade
- A humidade varia em função das condições climatéricas (períodos de calor ou de chuva intensa) e do tipo de resíduos colocados no compostor.
- Uma pilha de compostagem demasiado húmida torna o processo de decomposição mais lento e produzem-se maus odores, uma pilha demasiado seca resulta numa diminuição de atividade dos microrganismos, com a possibilidade de haver uma inativação dos mesmos, o que fará com que o processo de decomposição pare.
- Verificar regularmente o teor de humidade é essencial para garantir que estão reunidas as condições necessárias para que o processo de compostagem decorra sem problemas ou para resolver problemas que possam surgir durante o processo.
Uma forma simples de verificar o teor de humidade de uma pilha de compostagem consiste em fazer o “Teste da esponja”.
Temperatura
- Na decomposição da matéria orgânica os microrganismos libertam calor, o que faz variar a temperatura no compostor. É este aumento da temperatura que nos indica que os microrganismos estão ativos e a desempenhar o seu papel.
- Quando se fornece o oxigénio à pilha de compostagem, favorece-se a multiplicação dos microrganismos e uma maior atividade dos mesmos, com um consequente aumento da temperatura que não deverá exceder os 60⁰.
- Temperaturas elevadas têm a capacidade de destruir a maior parte das bactérias patogénicas, ovos e cistos de parasitas e, portanto, o produto da decomposição é livre de organismos patogénicos.
- Temperaturas baixas têm somente o poder de retardar a decomposição, tornando o processo lento.
Dimensão dos resíduos
- A dimensão dos resíduos tem grande importância na percentagem de humidade retida e no arejamento da pilha.
- Resíduos de dimensões muito reduzidas dificultam a difusão do oxigénio no interior da pilha de compostagem e favorecem a sua compactação. Por outro lado, partículas mais pequenas apresentam maior superfície de contacto com os microrganismos o que facilita a sua decomposição.
- Resíduos de maiores dimensões diminuem a eficiência da decomposição.
Composto
O que é
Ao fim de alguns meses os resíduos colocados no compostor transformam-se em composto, um material orgânico escuro, com aspeto de terra, sem cheiro ou com cheiro a floresta e com excelentes qualidades fertilizantes. Desde o início do processo até à obtenção do composto final pode demorar entre 4 a 12 meses, dependendo de vários fatores, como a quantidade de resíduos, o tipo de resíduos e o acompanhamento que foi feito do processo (rega, revolvimento da pilha, etc.).
Propriedades
O principal benefício do composto é sua composição rica em matéria orgânica e húmus, uma substância importante para o solo. O húmus age como uma espoja que absorve a água e impede a perda de nutrientes das plantas, e que, pela sua capacidade de absorção de água contribui para a diminuição dos processos de erosão do solo. A matéria orgânica, por sua vez, reduz a compactação do solo criando pequenos canais para o avanço das raízes de plantas, minhocas e outros organismos, atuando também como fonte de alimentação de micróbios e invertebrados, auxiliando a manutenção de um solo com diversidade biológica.
Como utilizar
Há duas formas principais para utilização do composto: como um corretivo de solo ou como substrato.
- Corretivos de solo: são materiais acrescentados ao solo para melhorar as suas propriedades físicas e estruturais; os efeitos dependem da matéria orgânica contida no composto.
- Substrato: são materiais diferentes do solo e que proporcionam o crescimento de plantas.
- Dependendo do uso e dos tipos de plantas o composto produzido pode ser utilizado em hortas, vasos de plantas, canteiros, relvados e na plantação de árvores e arbustos.